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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Dezessete

"Quando a gente se conheceu, eu tinha dezessete anos, a vida toda pela frente e aquela velha vontade de encontrar alguém com quem dividi-la.
Como imaginava ser quase impossível, acabei mergulhando no desconhecido que sabia não ser pra sempre.
Você cantava pra mim e eu supus ser especial. Você dizia que eu era a sua primeira, e eu me sentia única.
Tentava desvendar os seus segredos e interpretar suas reações. Mistério demais nunca me atraiu – ao contrário do que se ouve por aí. Mas o que a gente tinha, sei lá, me prendia.
Só que eu descobri que deixava de ser “eu” pra ser quem você queria ter. E eu renunciava às minhas próprias formas de demonstrar carinho na tentativa máxima de te parecer mais agradável.
Um dia recebi uma mensagem: a maneira mais dura de se dizer adeus.
Você precisava ir embora e eu não tinha argumentos.
Me tranquei dentro de mim mesma, aprendi a seguir sozinha.
Uma mulher madura talvez tirasse isso de letra. Mas eu era só uma jovem de dezessete anos que estava conhecendo uma nova forma de amor.
Com o tempo me convenci – e escrevi – que o importante de tudo é o aprendizado. Sim, eu aprendi muito com você. Mais com sua perda do que com seu carinho.
Mas se eu pudesse escolher, eu voltaria. E quando um amigo nos apresentou, eu podia ter sido fria, como você.
Pela primeira e única vez não ser eu mesma, e a gente seguiria sem ultrapassar a barreira do “oi”.
E eu ficaria bem…
Porque não há nada que doa mais do que não ter certeza se era real.
Nada mais cruel do que passar a vida toda me perguntando:
Você me tinha amor
ou só amava o afeto que lhe dei?"
Dezessete

(Isabela Linhares)

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